sábado, 15 de março de 2008

Histórias da minha vida

Fatos reais...
Eu tinha 16 anos e fazia cursos de línguas estrangeiras. Num deles, conheci a Camila, 15 anos, bem simpática: cabelos pretos, longos e cacheados, olhos castanhos claros, branca, baixinha e gordinha. Nós sentávamos lado a lado na sala e íamos juntos para a parada de ônibus na volta para casa. Trocamos telefone e conversávamos bastante, em ligações que duravam, no mínimo, 30 minutos. O tempo foi passando e ela que tinha uma história bem complicada e mal resolvida com um ex-namorado, disse que sentia algo por mim. Na época, eu tinha tanta dúvida com relação à sexualidade e me forçava a não ter pensamentos homossexuais, apesar de estar caidaço pelo meu grande amigo hétero. Eu achei que poderia ser uma boa chance e comecei a dar corda ao pseudo-romance. Continuamos falando muito ao telefone, até que resolvemos marcar um encontro no shopping. Eu liguei e ao me despedir, ainda comentei:

- Pensa em mim...

Fomos ao Parkshopping. Cheguei bem antes dela e fiquei sentado num banco, na maior ansiedade. Poderia ser a minha chance de ter um romance legal, porque eu tinha decidido que iria namorar mesmo, apesar de toda a não-aceitação que eu tinha sobre mim.

Ela chegou, eu a abracei e ficamos sentadinhos, um do lado do outro, conversando. Lá pelas tantas, ela olha para mim e diz:

- Eu ainda gosto do meu ex... e ele me disse que quando voltar de viagem quer me ver...

Eu lembrei de todas as histórias que ela tinha me contado... ele havia sido o primeiro homem da vida dela, que com 14 anos, já tinha vida sexual bem ativa. Como ela ficava sozinha todas as tardes em casa, todas as tardes ele ia para lá... e ela sempre comentava que ele era do tipo sacana mesmo.

- Do nada, ele chega em mim e pergunta qual a cor da minha calcinha ou pega a minha mão e coloca dentro do short dele...

Ela continuou:

- Eu pensei bem... é melhor que a gente continue sendo só amigos... você me entende?
- Entendo...

Ainda tomamos sorvete, andamos um pouco e ela ainda perguntou se eu estava chateado. Eu disse que não, menti, é claro. Eu fiquei com raiva porque eu tava quietinho no meu canto, ela que demonstrou interesse e na conclusão, ela me dispensava? Vai entender as mulheres... Nos abraçamos e eu fui embora. Na volta para casa, eu sentia um super mal estar. Eu tinha levado o primeiro fora da minha vida... Apesar de não querer, querer, eu já tinha feito até planos... pensei que sairíamos juntos, que eu também passaria algumas tardes na casa dela e que poderia ser legal. Passei a ser mais frio ao telefone e graças, estávamos no final do semestre. Ela percebeu e comentou que tinha feito mal ao dizer que sentia algo por mim, porque tinha estragado a nossa amizade que era tão boa. Fazer o quê?

Eu fiquei pensativo uns dois dias, mas passou. Decidi ir à locadora alugar um vídeo. O atendente era bem bonitinho e se chamava Rômulo. Aparentava ter uns 23, 24 anos, não sei. Eu conversava bem pouco com ele, mas nesse dia, ele puxou mais conversa, indicou filmes... só eu e ele na locadora. Quando eu fui pagar e assinar o papel, eis que ele olha para mim, pega uma fita que estava num monte, me mostra e diz:

- Acho que você gosta dessa...

Era um filme-pornô... gay!!! Eu devo ter ficado azul, roxo, lilás de vergonha...

- Não, não gosto não...

Ele percebeu o meu embaraço, pediu desculpas umas três vezes e disse que tinha se excedido... Eu disse tudo bem e fui embora. Como eu não esperava, fiquei bem perturbado com aquela nova situação. Em casa eu fiquei especulando, pensando que se eu tivesse dito sim, também poderia ser uma outra oportunidade para viver um possível romance também, já que eu havia entendido aquilo como um sinal dele dizendo que era gay. Ou será que ele tava só curtindo com a minha cara mesmo? Como eu lutava muito contra, acabei não admitindo o que sentia...

O pior foi que eu não quis mais voltar à locadora, mas eu tinha que devolver o filme. Menti para o meu irmão dizendo que estava com dor de cabeça e ele foi devolver. Eu não tive mais coragem de voltar à locadora enquanto o Rômulo trabalhou lá. O meu irmão estranhava quando eu não queria ir, logo eu que adorava filmes... se eu fosse explicar, era capaz do meu irmão querer bater no atendente, já que nessa época, ele era desses que malhava, metido a truculento e eu não queria que o Rômulo se desse mal... ele passou a fazer parte do meu arsenal amoroso, erótico e mal resolvido de histórias... :(

domingo, 9 de março de 2008

De amizade a amor :)

Amigos de longa data, quase irmãos, de fé, dificuldades, de sorrisos, de cumplicidade... só quando houve uma conversa franca e tivemos certeza do que antes era apenas um desejo reprimido de que fosse verdade, é que conseguimos deixar acontecer algo. De quase irmãos, passamos a namorados e conseqüentemente a amantes, companheiros de caminhada.

Depois de tantos anos de amizade, houve o nosso primeiro encontro. Foi de certa forma engraçado, já tínhamos tanta intimidade, mas era diferente sair com ele naquela situação. Um programa bem típico: cinema, pipoca, refrigerante, um fim de tarde... sentamos na última fileira e quando a luz se apagou pudemos ser nós mesmos. Um leve estremecimento ao senti-lo tocar meu braço, depois enlaçar meu pescoço e por fim, encontrar meus lábios, num beijo que me fez delirar por completo. Pela primeira vez eu pude tocar-lhe o rosto, sentir a aspereza de suas mãos e o perfume suave de seu corpo que passei a adorar. Nem sei dizer se o filme era bom...

Saímos dali com rumo incerto. Beijos e amassos no carro. Um leve calor foi tomando conta, envolvendo-nos numa fúria até então desconhecida.

- Vamos pra minha casa?
Um segundo de reflexão...
- E tem como recusar?

No elevador, subimos abraçados, como se estivéssemos bêbados... e estávamos mesmo, de nós mesmos.

Foi fechar a porta e sentir suas mãos, sua pele, seu cheiro, seu gosto. Nunca pensei em haver mãos tão hábeis em tirar, puxar, abrir botões, zíper... contemplamo-nos por um instante. Foi terno o gesto de acariciar meu cabelo, beijar-me a testa, as mãos, o pescoço...

Deitamos em êxtase, numa entrega desmedida, num interessante jogo de desejo, numa intrincada exploração onde cada milímetro era experimentado. Nada era feio ou errado, já que ambos estávamos de comum acordo. Um misto de dor e prazer, silêncio e sussuros, gritos e gemidos... do acariciar os cabelos passamos aos puxões, numa tentativa de mais e mais até cair exaustos abraçados e contorcidos, experimentando o prazer de pertencer verdadeiramente a alguém.

Já não éramos mais os mesmos. Algo mudara... algo dizia que seria muito melhor, não se saber mais sozinho, poder contar com alguém, dizer “eu te amo”, senti sua falta, contei cada segundo para estar aqui. Tudo passava a ser lindo e o desejo de fazer o bem passava a ser algo constante, uma tentativa de dividir a alegria que a vida proporcionava e que sempre estivera tão próximo e ao mesmo tempo tão distante, mas que de tão sonhado, transformava-se agora em realidade. Quase deixamos passar?

-“Eu estava aqui o tempo todo só você não viu”...

Só esse verso serve para o momento... cantou e confidenciou baixinho em meu ouvido... a voz grave que me fazia estremecer...

Eu também respondi cantando:

-“Foi assim como ver o mar / a primeira vez que meus olhos se viram no seu olhar / Não tive a intenção de me apaixonar / mera distração e já era momento de se gostar”

Nos abraçamos, beijos e mais beijos, repetindo em uníssono:

-"Eu te amo... eu te amo... eu te amo..."


*****************************************************

Obs.: Continuo na fase dos delírios românticos, hehehe. Sonhar não custa nada, ninguém paga imposto... ainda... ;-)