sábado, 29 de dezembro de 2007

Amigos

Como eu nunca tive e nunca criei uma real oportunidade para amar, dediquei-me a várias outras coisas. Posso destacar duas que me alegram muito: 1) ter estudado na Universidade de Brasília (UnB) e ter colaborado no conceito “A” do curso no antigo provão; e 2) a rede de amigos que criei, poucos, mas grandes amigos.

Eu sempre pude me dedicar muito aos amigos. Sempre estou só, nunca tive “namorada” para me impedir de fazer nada. Sempre fui considerado o mais equilibrado, o mais tranqüilo, o mais sereno da turma. Na verdade, se todos soubessem de tudo, diriam que eu sou “o que mais possui conflitos internos”, mas tudo bem. Eu não aparento ter tais conflitos e mesmo triste eu prefiro não conversar sobre o que se passa. Eu teria que contextualizar e aí, me entregaria, e ainda não é o momento...

O fato é que me emociono quando meus amigos me ligam para simplesmente dizer que sentiram minha falta, que queriam conversar, que queriam ouvir minha voz. No MSN já ouvi algumas vezes: “Só entrei para falar com você”. Hehehe... Sem palavras... Por mais que eu expresse o quanto gosto deles nunca será o suficiente. O que procuro fazer é dedicar-me como amigo. Adoro organizar reuniões para ver filmes, para conversar, para comer, quando eu mesmo sou o “mestre cuca”.

No MSN também acontece um processo interessante. Na maioria das vezes não se conversa com alguém que mostre logo o rosto, pelo menos nos perfis fakes (onde conseguimos ser muito verdadeiros, só nós sabemos, né?) nos quais todos parecem ter tanto medo de se mostrar. Até que a pessoa crie confiança em você e te mostre a foto, o que resulta é uma afeição de personalidade. Eu conheço primeiro o “ser” para depois saber como é a “embalagem” de quem converso. Alguns amigos já mostraram foto brincando: “Não se assusta...”. Mal sabem que já são belos e essa beleza importa muito mais.

Eu que sempre converso e peço muitas coisas a Deus, hoje só quero agradecer por ter colocado em minha vida mais pessoas legais que conheci através do Orkut. Num futuro ainda indefinido, espero conhecer a todos, conversar, reunir, enfim, dedicar-me a esses novos amigos como sempre fiz.

Alguns agradecimentos:

* Rick – você não sabe o quanto me ajudou;
* Eco e Bernard – os geógrafos vão dominar o mundo! Hehehe;
* Harry – desejo a sua felicidade, você sabe;
* Sagitário – força, muita força sempre! O tempo vai te dar todas as respostas. E além do mais, você é brasileiro e não desiste nunca! Hehehe;
* Estrela – você foi a primeira e única pessoa da Internet que eu tive coragem de conhecer, apesar que hoje eu gostaria de conhecer outras pessoas desse grupo também. Num primeiro momento, antes de te ver, pensei comigo: “E se ele for um psicopata doido? Ninguém sabe que estou aqui...” Ainda bem que não! Hehehe;
* Titan – pensa numa pessoa legal... multiplica por 10, investe o saldo na bolsa de valores nas ações da Vale que estão em alta (fonte: jornal Valor Econômico), hehehe. Te adoro, amigo! Saudade;
* MMarcelo – você é uma pessoa maravilhosa, uma alma boa mesmo... definitivamente umas das grandes surpresas de 2007.

De Carole King, “You’ve got a friend” – “You just call out my name / And you know wherever I am / I’ll come running / To see you again / Spring, summer, winter or fall / All you have to do is call / And I’ll be there / Yes, I will / You’ve got a friend”
Valeu, pessoal! Feliz 2008!!! ;-)

terça-feira, 25 de dezembro de 2007

“Há dias que parecem resumir uma vida toda...”


Acordei ansioso... O dia estava fechado, quase nublado... Tomei um banho demorado, esfreguei o corpo todo, lavei o cabelo duas vezes, sequei-me. Liguei o som e fiquei ouvindo a Ana Carolina cantar para mim. Passei creme no cabelo, desodorante, hidratante, perfume nº 1 no corpo, vesti a roupa que havia demorado quase meia hora para escolher. Passei o perfume nº 2 na roupa. Penteei os cabelos tentando encontrar a melhor “estrutura”, sorri três vezes para mim no espelho. Eu era mesmo um "metrossexual". Peguei um táxi levando um livro, a agenda e o mp3. Esperaria o quanto fosse necessário...

Cheguei no aeroporto às 8hs. O vôo só chegaria às 10, tempo de sobra... Tomei um café bem forte. Lembrei do que havia me dito antes de viajar: “Você acha que poderia dar certo? Você acha que a gente conseguiria resistir a tudo por algo que nós não temos certeza ainda?” Parei, pensei... “Por que todo mundo racionaliza o amor? Por que a gente não pode só deixar acontecer?”

No mp3, “Ruas de outono” da Ana Carolina: “Daria para escrever um livro se eu fosse te contar / Tudo o que passei antes de te encontrar / Pego sua mão e peço pra me escutar / Teu olhar me diz que você quer me acompanhar // Eu voltei por entre as flores da estrada / Pra dizer que sem você não há mais nada / Quero ter você bem mais que perto / Com você eu sinto o céu aberto”

Li um pouco, escrevi um poema, cantei sozinho quase num murmúrio, fechei os olhos e por um momento, refleti sobre a falta que havia sentido nesse seu mês de ausência.

Apesar dos atrasos constantes, o vôo chegou na hora certa. Eu não me importaria em esperar mais. Antes de sair de casa, pensei em fazer uma brincadeira, escrever o nome numa placa e ficar segurando-a como se eu não o conhecesse, mas não fiz...

Avistei-o de longe... camisa preta, casaco de frio também preto, calça jeans, bem despojado como sempre. A barba grande, a mochila nas costas, uma revista na mão... nossos olhares se encontraram. Era a primeira surpresa que eu fazia para ele... Um sorriso se instalou no rosto dele. Outro se abria em mim, o céu se abriu também. Do nublado, o sol estava alto... Por causa da gente?

“Oi...” – disse ele num misto de surpresa e timidez.
“Olá...” respondi, olhando-o demoradamente.
“Nunca ninguém me esperou no aeroporto...”
“Eu vim porque não ia agüentar mais sentir a sua falta”.

Olhos nos olhos. Ele me deu um abraço demorado. Era como se existíssimos só nós dois naquele momento ali no aeroporto. Senti que ele queria me beijar... mas não havíamos só nós dois... infelizmente...

“Eu tenho certeza agora” – ele me disse. Segurou a minha mão e a beijou.
“Eu nunca duvidei...”

Ele me enlaçou o pescoço e fomos caminhando. Respirava aliviado, tinha sido muito melhor do que eu imaginava. A minha impressão era a de que eu havia vivido até ali em busca daquele momento... era real agora.

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Nem é preciso mencionar a música-tema para escrever, né? Esse é um dos meus escritos em momentos de delírios românticos. O belo está na leveza, nos detalhes, nos milagres do dia-a-dia, na observação pura e simples do cotidiano... essas coisas tem tanto valor para mim...
Feliz Natal a todos! ;-)

sexta-feira, 14 de dezembro de 2007

"Na vida, há os que choram e os que vendem lenços"

Muita coisa tem me feito pensar... Tanto que comecei a ficar um pouco depressivo na semana retrasada. Não sei direito porque. Talvez pela observação de várias possibilidades e escolhas e pela minha dificuldade em tomar decisões. Pensei bem e percebi que eu não podia ficar daquele jeito só por estar indeciso ou confuso. Uma noite, entrei na net e comecei a conversar com um bom amigo que foi o primeiro a saber da minha atração por homens. Conversa vai, conversa vem, ele me conta que uma amiga dele ficou doida por mim, curiosa em saber tudo a meu respeito. Através do MSN eu percebi o sarcasmo no comentário dele: “Coitada, hehehe”. Ainda arrematou com um "Então, você fica por aí enganando as mulheres?". Tudo em tom de "brincadeira" como ele me disse depois... sei...

Um pouco antes, eu havia falado sobre as poucas vezes que havia ficado com alguma mulher. Fui sincero sempre que fiquei, acho que não foi errado de minha parte tentar. Eu não prometi casamento, não iludi ninguém num relacionamento que eu sabia que não haveria futuro. Lembrei de um trecho daquele livro: Filtro solar, maravilhoso diga-se de passagem. O trecho: “Não seja leviano com o coração dos outros. Não ature gente de coração leviano”. Eu não sou, sei disso... Recentemente, eu tive a oportunidade de começar um relacionamento aqui na net. Seria a primeira vez que eu poderia ficar com um homem. Conversamos muito, várias afinidades... mas eu percebi que não seria verdadeiro de minha parte. Eu não gosto de começar algo que eu não queira de verdade. Eu não poderia usá-lo como um “passatempo”, porque eu gosto dele como amigo... ele entendeu... e eu não guardo o sentimento de já ter sido leviano com os sentimentos de alguém.

Nem preciso dizer que se eu já estava saindo do buraco naquela semana, voltei a cair nele logo em seguida. Tinha lido um comentário do Bernard, um outro amigo do Orkut, num debate, dizendo que algumas vezes uma simples pergunta podia perturbá-lo, como um “cadê a sua namorada?” ou “e aí, já casou?”. Foi o que aconteceu comigo. Eu argumentei mas sem muita vontade de explicar. Saí logo em seguida do MSN, curti a fossa por uns dois dias e depois comecei a observar que ninguém merecia a minha tristeza. Uma frase legal que li: “Tristeza? Pra que? Pra quem?”

Como eu achei que o meu “amigo” da net não estava compreendendo o que se passava, enviei um super e-mail para ele, no qual relatei várias de minhas angústias, inseguranças. Recebi a resposta dele, se desculpando logo depois, bem chateado com o que havia me feito passar... aceitei as desculpas, não foi intencional. Num primeiro momento pode parecer que fiz tempestade em copo d’água, mas não. Todo ser humano é um mundo à parte, em sua complexidade e beleza. São situações que podem parecer banais para outras pessoas, mas que fazem a diferença para outras. Enfim, passou... “na vida, há os que choram e os que vendem lenços”... bem, eu cansei de chorar...

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Descobri um novo e bom amigo na net: o Titan. Estava comentando com ele sobre a minha confusão... muitas vezes eu quero um relacionamento, outras vezes não. Um pouco de medo em me apaixonar, um pouco de insegurança... Ele me disse que eu deveria deixar que as coisas acontecessem, como na música do grupo Revelação, “Deixa acontecer”, ouvida no momento em que escrevi. Não sou muito fã de pagode, mas a letra é super legal.


“Deixa acontecer / Naturalmente / Eu não quero ver você chorar / Deixa que o amor encontra a gente / Nosso caso vai eternizar”.

Caiu como uma luva. Não vou ficar imaginando demais, sonhando demais... vou deixar as coisas mais tranquilas a partir de agora. Obrigado pelo toque! Valeu, Titan! ;-)

domingo, 2 de dezembro de 2007

Eu também mereço ser feliz...

Nos últimos dias, um mundo verdadeiramente novo tem se aberto para mim. Conheci pessoas legais, tive conversas interessantes e esclarecedoras, e aos poucos, sinto que a minha vida vai entrar nos eixos também. Comecei a pensar numa série de possibilidades, que até então, não eram sequer levantadas por mim. Ainda tenho muito o que trabalhar mentalmente porque apesar de tudo, ainda tenho uma grande resistência a várias coisas. A aceitação precisa ser minha em primeiro lugar para que eu possa ser feliz, mas não é fácil. É uma clausura de anos... há anos estou no escuro mesmo, procurando incansavelmente uma chance, a espera de alguém ou algo que fosse um catalisador, para que eu saísse do tranqüilo desespero em que estava. Bem, antes tarde do que mais tarde, como diz a verdade por detrás do ditado popular.

E sinto que esta é a minha hora. É a hora de ser feliz, o momento em que me sinto mais seguro e apesar de saber que não haverá uma aceitação plena por parte de todos, sinto que cansei de esperar, cansei de deixar a vida passar, cansei de estar só quando poderia estar tentando construir algo sólido... por que eu não teria esse direito? Por que parte da sociedade insiste em dizer que é errado, feio ou proibido? Comentei essa semana com amigos que acho o homossexualismo natural, pois é uma situação que não se escolhe. No meu caso, eu sempre soube que era assim. Concluindo, acho que é natural, o problema é que muitas vezes não é socialmente aceito. Para que a sociedade mude, é necessário um trabalho de resistência, afirmação. Todo mundo pode tentar fazer a sua parte. Não que eu ache que todos precisem levantar bandeiras ou escancarar sua “opção” por aí. Mas acho que podemos trabalhar a questão do respeito em nosso dia-a-dia. Eu, como educador, me encontro nas mais diversas situações, relacionados a temas considerados polêmicos. Um dia em sala, um aluno perguntou ao outro:

- O que você faria se soubesse que seu filho é gay? Ele pensou um pouco e respondeu:

- Ele ficaria no cativeiro até gostar de mulher...

Num primeiro momento todo mundo riu. Depois propus um debate. Quis saber a opinião de todos a respeito do assunto. Fizemos vários comentários, até saímos do foco da aula no dia, mas considero importante trabalhar noções de cidadania em sala. Nossa conclusão? “Podemos até não aceitar, mas respeito e tolerância devem ser empregados para todos”. Talvez eles nem lembrem desse dia, talvez tenham se esquecido do debate logo em seguida na hora do intervalo. Mas foi uma tentativa, a minha tentativa de tentar mudar um pouco a sociedade para melhor.

Tenho visto muitos gays tristes na net, com medo da solidão ou do preconceito. No orkut, participei de um debate que mencionava a depressão muito comum no fim de ano, mas que ganha uma noção talvez mais intensa com os gays que muitas vezes não se encontram realizados por “n” fatores. Ter alguém com quem falar, não ter medo de dizer quando se está triste e sempre estender a mão, ser atencioso como amigo, mesmo que através da net são situações legais para enfrentar esses problemas. Todos nós podemos fazer isso. Eu posso, você pode?

Agradeço aos elogios recebidos, mesmo daqueles que leram o blog e não comentaram. Valeu, pessoal! Isso me motiva a continuar.

Não ouvi nenhuma música para escrever, mas li um poema antes de começar. De Cora Coralina, uma alma portadora de muita sensibilidade. Um trecho: “Recria tua vida, sempre, sempre. Remove pedras e planta roseiras e faz doces. Recomeça”. (Aninha e suas pedras – 1981). É o que estou tentando fazer: recomeçar. Por que não me dar essa oportunidade? Eu também mereço ser feliz! :-)

sexta-feira, 23 de novembro de 2007

"Eu queria um amor..."

É interessante quando ouço falar que determinada pessoa fez uma “opção sexual”. Ao meu ver, não parece uma opção, mas uma situação que já nasce com a pessoa. Será que não se deveria dizer: “Fulano se aceitou”? No meu caso, percebi que era “diferente” ainda bem criança, quando não me interessava pelas mesmas brincadeiras que os outros garotos da minha idade. É lógico que após sofrer uma certa pressão da sociedade (da minha mãe, no caso) fingi que gostava sim e acabava me forçando a tentar ser o mais normal possível, principalmente ao lado dos meus pais. Em casa e sozinho, porém, eu usava toda a imaginação possível para brincar do que me fosse mais agradável, sem pensar que essa brincadeira era só para meninos e essa só para meninas.

Eu tinha um super amigo nessa época. Até hoje nos falamos, bem raramente agora, e sempre recordamos dos bons tempos nos quais a nossa maior preocupação era o dever de casa do dia seguinte. Como eu brincava muito sozinho, eu fingia que ele estava comigo, uma espécie de “amigo que existe imaginário”. Levei essa brincadeira por muito tempo até perceber que eu estava mesmo era gostando dele, de verdade. Nós conversávamos muito na escola, trocávamos informações sobre os deveres e trabalhos. Usava da maior naturalidade possível, tentava me concentrar só na amizade. Fingia até um certo descaso ou desinteresse pelo que ele me falava. Eu ia muito a casa dele para estudar e vice-versa. A mãe dele, inclusive, me tratava super bem e até dizia que queria ter uma filha para se casar comigo. O tempo foi passando e eu com aquele sentimento bem guardado, bem sublimado dentro de mim. Eu fazia de tudo por ele, tudo o que ele pedisse. Eu nunca consegui perceber nenhuma brecha na qual eu pudesse tentar falar e sabia que eu poderia estragar nossa amizade se eu mencionasse o assunto. Dava para perceber claramente: ele era hetero até as pontas dos cabelos.

Todo mundo faz uma escolha, a minha foi a de que eu preferia manter a amizade, tão legal, tão sólida de anos a sequer pensar em falar que o amava e ele acabar me rechaçando para o resto da vida. Às vezes, ele mencionava algum romance adolescente, falava sobre alguma menina que o atraía. Eu ouvia tudo na maior paciência e resignação, tudo. O segundo grau terminou e nós acabamos não tendo mais tanto contato quanto tínhamos antes. De vez em quando a gente se encontrava e conversava. O legal era saber que era amizade mesmo. Às vezes ficávamos meses sem nos falar e quando conversávamos era como se tivéssemos nos falado no dia anterior.

Aí um dia, ele veio aqui em casa. Eu não estava. Ele deixou o convite de casamento e meus pais disseram que ele mencionou várias vezes que contava com a nossa presença, ainda mais eu que era super amigo dele. Quando vi o convite, pensei comigo mesmo: “Eu não vou chorar, afinal de contas eu nunca tentei me aproximar dele”. No dia do casamento, todo mundo estava super arrumado aqui em casa. Minha mãe, então, fez cabelo, unha, comprou bolsa e sapatos novos. No carro, eu fui prestando atenção na paisagem. Uma certa tristeza me invadia. Não vou chorar... Ainda não...

Na hora da cerimônia, ele entrou com a mãe e dirigiu-se até o altar. Ele estava tão bonito... por um momento, desejei ser mulher, pois assim, minhas chances poderiam ter sido mais reais e poderia ser eu que estaria casando naquela noite. A noiva entrou. Ela era linda mesmo, eu ainda não a conhecia pessoalmente, mas sempre escutava a menção do nome. Eles juraram estar sempre juntos na alegria e na tristeza, na riqueza e na pobreza, na saúde e na doença... já era a hora de chorar?

Reencontrei outros amigos de infância e lá pelas tantas pensei comigo que eu não poderia fazer mais nada... decidi aproveitar mesmo a festa. Abracei-o sabendo que aquela seria a última vez, percebi que a partir dali, eu estava livre para tentar recomeçar, para tentar encontrar também o meu par. O casamento foi uma espécie de libertação para mim.

Eu não tive vontade de chorar, como pensei. Fiquei feliz por ele apesar de tudo, pois ele estava feliz, havia encontrado o amor sincero e construiria a família que tanto desejava. Eu achava que ele tinha a necessidade de construir algo bem sólido, já que a família dele não contava, os pais eram separados.

Ao fim da festa, todo mundo levava o arranjo de flores que estava sobre a mesa. A minha mãe também. Em casa, de madrugada, quando todo mundo já havia se deitado, eu puxei uma rosa vermelha do arranjo e guardei dentro de um livro. Seria a minha recordação, a minha forma de me lembrar dele. Hoje ainda penso nele com muito carinho, afinal, fez parte da minha vida. Lembro dele sorrindo, me chamando pela janela... lembro das tardes que passamos na casa dele, especialmente de uma. Eu fui estudar, começou a chover. Como todas as janelas estavam fechadas, tive uma sensação agradável de calor e proteção. Fomos tocar teclado. Ele de moletom verde, eu de camisa branca e calça jeans. Eu ficava prestando atenção nas mãos deslizando pelas teclas e poderia desenhar com exatidão o formato dos dedos. Se eu me concentrar bastante, consigo até lembrar do cheiro dele. É uma memória tão simples, mas muito significativa para mim. Naquele momento, eu fazia parte da vida dele, mesmo que não fosse da maneira como eu queria.

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Dessa vez não ouvi nenhuma música para escrever. Mas lembra do André Leono, aquele calouro do Raul Gil? Quando passou o período de explosão, encontrei o cd dele de promoção nas Americanas e resolvi dar uma chance, a voz dele era muito bonita. O cd não é lá essas coisas, mas “Um dia, um adeus” do Guilherme Arantes e “Eu queria um amor” salvam o trabalho dos produtores. Essa segunda diz: “Eu queria um amor / que fosse quente igual ao seu / Eu queria um amor / que pudesse ser só meu / Eu queria um amor / que pudesse apagar essa dor / e que trouxesse ao beijo um sabor / E não fosse acabar”. Diz tudo...


domingo, 18 de novembro de 2007

Pra começar...

O blog é uma boa opção de comunicação. Decidi fazer um para poder falar um pouco mais de mim, sobre o que penso e para dar uma noção de mais familiaridade ao orkut, já que em meu perfil eu acabo não falando tudo o que gostaria. E além do mais, adoro escrever. Sou um ótimo leitor também. Trocar idéias também vai ser legal, quem quiser comentar, fique à vontade.

Por muito, muito tempo mesmo, tenho tentado viver da melhor forma possível, sufocando um monte de sonhos, desejos, vontades... chegava mesmo a pensar que poderia viver sem me importar com meu coração... mas chega uma hora em que a gente percebe que podemos mentir para todo mundo, menos para nós mesmos. Tenho uma enorme dificuldade em falar de sentimentos, sexualidade, porque sempre venho reprimindo tudo o que sinto. Os novos amigos que fiz na net, através do orkut, vêm me dando uma série de dicas e indicado também a terapia para tentar amenizar meu problema. Vou pensar no assunto para um futuro próximo, mas nesse momento sei que a comunicação através do blog e através da conversa com meus novos amigos já está me ajudando bastante.

Quando escrevo comentando que nunca tive experiências com homens não estou brincando. Parece propaganda, mas não é. Eu sou um pouco travado mesmo. E até agora eu também nunca tive uma possibilidade real de concretizar o que quer que fosse. Meus amigos são todos hétero... por isso é que no orkut disse que gostaria de fazer novos amigos, pessoas com as quais eu pudesse compartilhar momentos novos, novas situações... A minha tendência até então era achar que eu estava sozinho mesmo no mundo. Ficava pensando que quando morresse, perguntaria a Deus o porquê de ter acontecido comigo, o que eu deveria aprender com toda essa situação que até ser aceita, causa tanta culpa, tanto peso nas costas. O que tenho encontrado no orkut desde que fiz o perfil, são histórias bem parecidas com a minha, pessoas que se aceitam parcialmente por uma série de razões. Seja pela sociedade, pela religião, por elas mesmas... sei que o passo principal é meu, a minha auto-aceitação é um passo muito importante para que eu possa ser livre, para que eu possa ser 100% feliz. Sempre comento que a hora de todo mundo chega. A minha também vai chegar e no momento certo vou poder me abrir com os amigos, com meus pais e familiares. Prevejo que será um momento crucial, difícil em minha vida, mas que precisarei passar. Neste momento já preparo o terreno, o momento certo vai chegar.

Até lá, continuo vivendo da mesma forma, com honestidade, seriedade e muita felicidade em vários outros aspectos da minha vida. Eu sorrio apesar de tudo...

Músicas que embalaram este relato:

1) Palavra e som – Ricky Vallen (cada interpretação é um show, não foi indicado ao Grammy Latino à toa);
2) Superstar – The Carpenters;
3) This masquerade – The Carpenters;
4) Only yesterday – The Carpenters (descobri efetivamente os Carpenters no mês passado, quando comecei a ouvir mais demoradamente e pude descobrir a beleza na voz da Karen);
5) Naquela estação – Adriana Calcanhoto (sem palavras – é só ouvir o cd “Perfil” e tirar a própria conclusão).

That’s all, folks! Até a próxima! :-)