terça-feira, 25 de dezembro de 2007

“Há dias que parecem resumir uma vida toda...”


Acordei ansioso... O dia estava fechado, quase nublado... Tomei um banho demorado, esfreguei o corpo todo, lavei o cabelo duas vezes, sequei-me. Liguei o som e fiquei ouvindo a Ana Carolina cantar para mim. Passei creme no cabelo, desodorante, hidratante, perfume nº 1 no corpo, vesti a roupa que havia demorado quase meia hora para escolher. Passei o perfume nº 2 na roupa. Penteei os cabelos tentando encontrar a melhor “estrutura”, sorri três vezes para mim no espelho. Eu era mesmo um "metrossexual". Peguei um táxi levando um livro, a agenda e o mp3. Esperaria o quanto fosse necessário...

Cheguei no aeroporto às 8hs. O vôo só chegaria às 10, tempo de sobra... Tomei um café bem forte. Lembrei do que havia me dito antes de viajar: “Você acha que poderia dar certo? Você acha que a gente conseguiria resistir a tudo por algo que nós não temos certeza ainda?” Parei, pensei... “Por que todo mundo racionaliza o amor? Por que a gente não pode só deixar acontecer?”

No mp3, “Ruas de outono” da Ana Carolina: “Daria para escrever um livro se eu fosse te contar / Tudo o que passei antes de te encontrar / Pego sua mão e peço pra me escutar / Teu olhar me diz que você quer me acompanhar // Eu voltei por entre as flores da estrada / Pra dizer que sem você não há mais nada / Quero ter você bem mais que perto / Com você eu sinto o céu aberto”

Li um pouco, escrevi um poema, cantei sozinho quase num murmúrio, fechei os olhos e por um momento, refleti sobre a falta que havia sentido nesse seu mês de ausência.

Apesar dos atrasos constantes, o vôo chegou na hora certa. Eu não me importaria em esperar mais. Antes de sair de casa, pensei em fazer uma brincadeira, escrever o nome numa placa e ficar segurando-a como se eu não o conhecesse, mas não fiz...

Avistei-o de longe... camisa preta, casaco de frio também preto, calça jeans, bem despojado como sempre. A barba grande, a mochila nas costas, uma revista na mão... nossos olhares se encontraram. Era a primeira surpresa que eu fazia para ele... Um sorriso se instalou no rosto dele. Outro se abria em mim, o céu se abriu também. Do nublado, o sol estava alto... Por causa da gente?

“Oi...” – disse ele num misto de surpresa e timidez.
“Olá...” respondi, olhando-o demoradamente.
“Nunca ninguém me esperou no aeroporto...”
“Eu vim porque não ia agüentar mais sentir a sua falta”.

Olhos nos olhos. Ele me deu um abraço demorado. Era como se existíssimos só nós dois naquele momento ali no aeroporto. Senti que ele queria me beijar... mas não havíamos só nós dois... infelizmente...

“Eu tenho certeza agora” – ele me disse. Segurou a minha mão e a beijou.
“Eu nunca duvidei...”

Ele me enlaçou o pescoço e fomos caminhando. Respirava aliviado, tinha sido muito melhor do que eu imaginava. A minha impressão era a de que eu havia vivido até ali em busca daquele momento... era real agora.

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Nem é preciso mencionar a música-tema para escrever, né? Esse é um dos meus escritos em momentos de delírios românticos. O belo está na leveza, nos detalhes, nos milagres do dia-a-dia, na observação pura e simples do cotidiano... essas coisas tem tanto valor para mim...
Feliz Natal a todos! ;-)

Um comentário:

Anônimo disse...

Olá, Rod!

Encontrei seu blog por acaso... tava aqui meio deprê e não é q vc passa por uma situação bem semelhante a minha? Vou fazer um perfil fake para te adicionar. Acho q temos muito a falar... Tocante a história do casamento... linda essa história do aeroporto! Salvou a minha noite, rsrsrs.

Abraço! Sou seu fã a partir de agora!

Oswaldo :-)