domingo, 9 de novembro de 2008

Dizer ou não a verdade...

Eu tinha sido convidado para sair. Estava acostumado a sair com amigas e nunca tinha tido um encontro de verdade, nem com homens, que na verdade, eram a razão do meu afeto. Eu só me dei conta de que estava num encontro quando do outro lado da mesa percebia olhos que me encaravam com ternura. Percebi a complicação que era a minha vida. Como eu não era assumido, constatei que podia despertar todo o tipo de sentimento em uma mulher, até amor, como parecia ser o caso dela.

Eu a havia conhecido através de um amigo em comum, e foi surpresa quando a descobri no mesmo curso que eu. Nós nos víamos duas vezes na semana e como chegávamos cedo no curso, acabávamos tomando café juntos. Ela foi bem direta: “Vamos sair?”. Ela era tão divertida que não tinha como dizer não, e eu disse que sim, mas na minha ingenuidade, aquilo não era um encontro... ela era minha amiga...

A gente já tinha conversado e se divertido muito, mas eu comecei a perceber que havia uma crescente tensão no ar. Quando pagamos a conta, decidimos passear. Havia um parque lindo próximo ao restaurante. Ignorando todos os possíveis perigos de estar sentados ali, prosseguimos a conversa, até que ela ao meu lado, segurou a minha mão e deitou a cabeça no meu ombro. Eu fechei os olhos. Tudo o que mais queria era gostar dela de verdade, seria tão bom poder namorar, algo que eu tinha me negado até ali porque não conseguia admitir o meu verdadeiro desejo. Ficamos alguns minutos daquele jeito até que ela levantou a cabeça devagar, me encarou e iria me beijar, quando eu me pronunciei...

O que eu poderia ter feito...

- Escuta... é difícil ter que dizer isso... você é linda e sei que qualquer outro cara adoraria ficar com você, mas eu não posso, eu não consigo...
- O que há de errado? Você não gostou de mim, é isso, né?
- Não, você é linda... o problema sou eu...
- Como assim?
- Eu não posso, ficar com você... Eu não estaria sendo honesto...
- Você tem outra? Você gosta de outra pessoa?
- Gosto... o nome... o nome dele... é Luís...
Ela, provavelmente ficaria indignada por eu não ter sido sincero desde o começo, mas depois entenderia. Certamente, entenderia. No final das contas, eu não precisava ficar dando satisfações da minha vida para ninguém, se bem que isso me colocava em certas enrascadas, como era o caso agora.

O que eu fiz...

- Escuta... é difícil ter que dizer isso... você é linda e sei que qualquer outro cara adoraria ficar com você, mas eu não posso, eu não consigo...
- O que há de errado? Você não gostou de mim, é isso, né?
- Não... você é linda... o problema sou eu...
- Como assim?
- Eu não posso, ficar com você... eu não estaria sendo honesto...
- Você tem outra? Você gosta de outra pessoa?
- Gosto... estamos brigados agora, mas é provável que a gente volte logo... eu te magoaria se ficasse com você agora...
- Lindo da sua parte fazer isso... eu sabia que você era diferente, que não era cafajeste... é lógico que ela vai querer voltar com você, ela não é doida...

Rimos... Era uma mentirinha, mas que sei que estava magoando menos. Me fazia sofrer, ela tinha as expectativas dela. Desde então, eu nunca mais fui em nenhum encontro deixando em aberto. Se percebia algum possível interesse, eu ia logo dizendo que tinha uma ficante, rolo, caso ou variantes. Era menos dramático. Tempos depois, um amigo me disse que eu era como um modelo ideal de relacionamento para as mulheres com quem eu me relacionava. Porém algo totalmente irreal, ao passo que nunca o relacionamento se concretizava...

Eu ainda a encontrei uma outra vez. Estava com uma amiga, a qual ela pensou que fosse a minha namorada. Ela estava fazendo compras, acompanhada de um cara que devia ser o namorado dela. Parecia feliz, me cumprimentou com um beijo no rosto, apertando também a minha mão nas duas dela.

- Que bom que vocês voltaram – disse baixinho ao pé do ouvido ao me dar um último abraço – Se cuida...
- Você também... seja feliz, muito feliz...
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Gostei do q ouvi essa semana... às vezes eu acho q fico muito preso ao passado. Escrever então, aos poucos se torna uma maneira de libertação também.
"O meticuloso exercício da escrita pode ser a nossa salvação" - Isabel Allende
=) =) =) Boa semana!!! =) =) =)

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