domingo, 2 de março de 2008

Delírio romântico nº 2

Foi uma alegria extrema ao vê-lo depois de tanto tempo. Eu escondera tanto o sentimento que julguei por um segundo não sentir mais nada. Mas bastou vê-lo ali, sorrindo para que eu me desarmasse e ficasse em transe ao contemplá-lo tão lindo, tão bem.
Era uma estadia curta, apenas dois dias. Só para me causar taquicardia e falta de ar.

- Mas eu não poderia deixar de ter ver, senti tanto a sua falta... – disse-me com o olhar de cachorro sem dono, tão característico. Um sedutor incorrigível, pensei sorrindo, ele sabia como me agradar.

Acho que ninguém se pode dizer imune ao coração, que parece realmente ter vida própria. Saí dali aos tropeços, ansioso pelo jantar combinado às 21 horas daquele mesmo dia. Eu não queria e não deveria ter esperança. Tinha ouvido de sua própria boca o amor que devotava a outra pessoa, mas era o que eu havia pensado: o coração parecia ser uma outra pessoa...

Cheguei às 21 pontualmente. Você, como sempre, já estava a meia hora em antecedência, esperando, bebendo vinho e fumando, rememorando cada momento relevante do período em que estivemos distantes só para me contar. Você não deixava passar nada, havia riqueza de detalhes em sua narrativa, nada passava desapercebido.
E eu ria, entre casos e histórias, vinho e anedotas... você dizia que adorava conversar comigo pois eu era um ouvinte interativo, daqueles que fazem um filme na cabeça, participam da história e ainda mudam o final.

- Não sei porque a gente não deu certo – disse-me em tom de brincadeira.
- Você não quis me deixar morar em seu coração – disse desejando mudar toda aquela realidade, sem esperança de concretizá-lo, é claro.

Nós pagamos a conta, fomos para o seu hotel, conversamos a noite toda, num desejo imenso de entrega que nenhum de nós ousava pôr em prática. Não sabíamos o que podia ser desencadeado, ambos tínhamos contas a prestar.
Amanheceu, você terminou a mala, eu te deixei no aeroporto e você voltou para a sua vida, sua casa e sua família, deixando em mim um gosto de quero mais, de que tudo fosse real, porque em sonhos, já nos pertencemos há muito tempo...

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