domingo, 18 de maio de 2008

Veia literária

“Por maior que fosse a incerteza, Regina percebeu que não poderia deixar que Luís passasse em branco em sua vida. Ela tinha medo... medo de se aventurar, medo de se perder naquele romance, medo de perceber no futuro que o amor era maior que ela mesma e que se ele a deixasse, certamente ela não sobreviveria.

Era ansiedade? Ter medo de um futuro que ainda nem acontecera?

Se houvesse uma seqüência lógica na história de sua família, ela sofreria por amor, parecia haver uma espécie de “sina” a qual ela estaria destinada. Aconteceria com ela também, da mesma forma que sofreram sua avó e sua mãe, ambas com histórias de amores complicados, para não dizer impossíveis e que haviam deixado marcas profundas em suas vidas.

Por maior que fosse o medo, ela não poderia deixar que Luís passasse em branco. Se fosse para se arrepender de algo, seria por algo que ela teria tentado. Tomou coragem, foi a casa dele e tocou a campainha. Não importava se ele tinha namorada, ficante, amante ou qualquer outra denominação de companheira em sua vida: ela estava decidida.

Luís mesmo abriu a porta. “Oi” – disse ele, num meio sorriso. Sem pensar duas vezes, ela não falou palavra. Olhou-o fixamente, passou as mãos suavemente em seu rosto e o beijou devotamente, julgando ser aquele um momento único em sua existência, um momento no qual a comunhão não era apenas física, mas de almas. Ela poderia estar enganada, mas sentia que ele também retribuía o beijo e com o mesmo ardor. Mais tarde, ela saberia que não estava enganada... ele também a amava”.

Trecho do meu romance... A minha avó me pediu para escrever um, a idéia nunca mais me saiu da cabeça... Sai ou não sai??? Acho que é uma questão de tempo mesmo...

(...) havia decidido me curar para sempre do vício de me apaixonar, que no final das contas só me trouxera complicações. Ainda bem que não consegui isso completamente, a inclinação permaneceu latente, como uma semente asfixiada sob dois metros de gelo polar, que brota com teimosia à primeira brisa morna”.
Trecho do livro: Paula, de Isabel Allende.
Lendo aos poucos para não acabar logo...

E por fim, há dois anos atrás, estava num sebo de livros em Brasília. Passeando na seção de romances, folheei vários e me perguntei porque a escritora Zélia Gattai estava na Academia Brasileira de Letras. Não deveria ser por acaso. Comprei um de seus romances mais famosos “Anarquistas graças a Deus”, que já teve até adaptação para a TV e li em 3 dias, compulsivamente. Uma escrita ágil e agradável, um texto poético, saboroso, onde cada trecho era pura memória. Li uma crítica que dizia que o grande trunfo de “Anarquistas” era contar a história da própria autora. Nada ali escapava da experiência do vivido. Minha conclusão: a cadeira de Zélia Gattai na ABL era mais que merecida. Agora ela vai reencontrar o Jorge...

Boa semana a todos! =)

Música tema:

Where is your heart? / Cause I don't really feel you / Where is your heart? / What I really want is to believe you / Is it so hard to give me what I need / I want your heart to bleed / And that's all I'm asking for / Where is your heart?

Where is your heart – de Kelly Clarkson =,(

2 comentários:

Unknown disse...

Oi, Rod!
Adorei seu post. Se anima e termina logo seu livro, c/ certeza vai ser muito bom. Tb gostava da Zélia Gattai, adorei o Anarquistas, graças a Deus. E por fim, mais uma coincidência: tb sou fão da Isabell Allende. Já leu A casa dos espíritos?
Abração e boa semana!

Anônimo disse...

Não esperava um final tão surpreendente?! Ainda não viu nada. Tudo em minha vida, quando acaba, acaba assim. Espero ter folego suficiente para lhes contar tudo.
*Também quero ler este livro rsrs
Beijos t+